O EMDR na Prática da Psicoterapia Clínica
O EMDR na Prática da Psicoterapia Clínica
O EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos movimentos oculares) hoje uma abordagem psicoterapêutica, surgiu em 1987 com a pesquisa de Francine Shapiro (Califórnia) quando por meio de uma experiência pessoal percebeu que enquanto pensava numa situação perturbadora do passado, seus olhos mexiam de um lado para outro e o incômodo reduzia progressivamente. Shapiro, como estudante de Psicologia, deu início então a uma série de pesquisas que demonstravam melhoras significativas em relação ao grupo controle. Esly de Carvalho trouxe em 2004 o primeiro curso de formação realizado em português no Brasil (Rio de Janeiro).
Apesar que o EMDR foi inicialmente desenvolvido para tratar traumas e os transtornos derivados, tais como abusos sexuais ou estupros, assaltos, ataques/cenas de violência, seqüela de guerra e de desastres naturais, etc. atualmente se aplica também no manejo de dor crônica, já que sabemos que a dor física tem componentes emocionais – e traumáticos – que costumam responder bem ao EMDR; no luto e depressão, fobias e desordem de pânico, dependência química e adições. Ademais, tem se utilizado o EMDR para a instalação de recursos positivos fortalecendo aquelas pessoas que trazem consigo uma fragilidade inerente ou adquirida; e no aprimoramento do desempenho de profissionais. (De Carvalho, Esly, 2022).
Na prática clínica o EMDR facilita o desenvolvimento de um processo psicoterapêutico profundo, onde as defesas do inconsciente não conseguem atrapalhar o contato real com as lembranças, sensações, sentimentos e pensamentos do passado relacionado ao trauma. Antes do tratamento, parece que as redes de memória estão emaranhadas e o significado atribuído à lembrança só faz menção a uma parte dela – como foi interpretado quando o evento aconteceu – e mesmo durante o tratamento, a pessoa começa a trazer outras partes da informação, como se estivesse encontrando novas peças de um grande quebra-cabeças. O trauma começa então a se desfazer e a pessoa ressignifica aquilo que viveu não tendo mais emoções negativas associadas à lembrança. Isso faz com que os sintomas no presente deixem de existir e a cura seja alcançada.